A “Tattoo Fest” aconteceu em Limeira nos dias 9 e 10 de outubro, das 9h às 22h.
Com a realização da Secretaria de Turismo e Eventos de Limeira e Nobre Marketing & Eventos, o festival trouxe alguns dos melhores tatuadores e body piercers da região e até de outros estados, além de bandas, como Aguardente Blus Band, Jack Flash e The Drunk e apresentações de wheeling.
Os profissionais expuseram seus trabalhos em mais de 30 estandes, tiraram dúvidas, colocaram piercings e tatuaram as pessoas. Muitos deles participaram de concursos com trabalhos realizados em visitantes.
Glauber Cunha – mais conhecido como “Let’s” – veio do Rio de Janeiro e fala da importância do evento para a profissão. “É muito bom para a divulgação do nosso trabalho, para trocar idéias com outros tatuadores e pegar técnicas novas”, diz o tatuador que está há um ano e meio no mercado.
Let’s participou do concurso de tatuagens na categoria “Realismo”, e tatuou James Hetfield, vocalista da banda Metallica, na perna esquerda da limeirense Maira Lossoli, 27.
A balconista Maira Lossoli fez a primeira de suas 8 tatuagens aos 15 anos, escondida da mãe. “Minha mãe só viu 2 anos depois, a roupa cobria. Um dia ela entrou no banheiro e viu. Ela não falou nada por uns 3 meses”, conta em meio a risos, e ainda diz que antes de sair de casa – no dia 9 – a mãe teria dito: “Ela que chegue em casa com uma tatuagem para ela ver”. “Vou ter de dormir na rua”, brincou.
Josielli Pereira dos Santos, 23, foi uma das visitantes. A estudante de pedagogia não tem tatuagem, nem piercing, mas se identificou com o ambiente. “Eu adorei o evento, vi vários estilos diferentes de tatuagem e pude conversar com profissionais e tirar dúvidas. Apesar de ter medo e não ter coragem, eu tenho vontade de me tatuar”, diz.
Um dos principais objetivos da Tattoo Fest, que também já ocorreu em Rio Claro, é fazer com que as pessoas interajam com a cultura da tatuagem e body piercing, tirem suas dúvidas e revejam o preconceito que ainda é muito presente no universo dos tatuados.
Idade e Preconceito – Alguns profissionais não tatuam, nem colocam piercings em menores de idade, outros sim. Para os que tatuam menores de idade é necessária a autorização dos pais e a presença de um responsável.
Porém, quem pensa que há idade limite para a modificação corporal, está muito enganado.
A balconista Vânia Giacomeli, 47, aproveitou o evento para realizar um sonho. “Sempre tive vontade de colocar um piercing. Agora tive a oportunidade de me dar um de presente de aniversário. Imagina amanhã quando eu chegar ao trabalho com ele”, brinca. Vânia diz que o que importa é que sua família a apóia, nada mais.
O aposentado Marcelo Matrigani, 62, veio de Sorocaba só para o Tattoo Fest. Com 80% do
corpo tatuado, o ex-chefe de segurança lembra como eram feitas as tatuagens antigamente. “Fiz minha primeira tatuagem em 1970, aos 22 anos. Nessa época tatuagem era coisa de ex-presidiário, malandrão. Eram feitas – as tatuagens – com palito, agulhas normais e tinta nanquim preta, mas a tattoo ficava verde. Aí quando saiu a máquina, eu dei uma melhorada nelas, mas mesmo assim não ficaram boas. Alguns anos depois fiz uma carpa e cobri essas tatuagens, e desses anos pra cá eu quase fechei o corpo”.
Marcelo diz que na época que fez a primeira tatuagem foi muito repreendido pela família. As que ele tem agora foram feitas depois da aposentadoria, aos 54 anos. “Só minha esposa que não gosta, detesta”, conta, e ainda diz que sofre preconceito de maneira indireta, com olhares e comentários.
O mesmo acontece com a divulgadora de body piercing Andressa Evangelista Telles de Oliveira, 19, mais conhecida como Amy Telles, que veio de São Paulo para o evento.
“Já sofri preconceito várias vezes. No metrô, por exemplo, as pessoas olham com cara esquisita, apontam, mas eu não ligo, tenho minha opinião e ninguém vai mudar”, conta a jovem ao realizar a vigésima segunda tatuagem, para competir na categoria “Old School”. Amy fez a primeira tatuagem aos 14 anos com a permissão da mãe.
Mas o preconceito pode vir de forma direta, como aconteceu com Maira Lossoli. “Trabalhei numa casa lotérica, e havia clientes que não iam ao meu caixa. Um dia chegou um senhor e disse: Nossa, o que é isso? Respondi: Uma tatuagem. Aí ele perguntou se eu era casada, falei que não, que namorava. Ele respondeu: Então você nunca mais vai casar na sua vida! Na minha época, mulher não podia fazer essas coisas, nem brinco podia usar”, conta.
Ainda há muito preconceito contra quem tem tatuagens e piercings. Para Maira, Amy e Marcelo e vários outros adeptos, a tatuagem, mais do que uma marca na pele, é um estilo de vida.
“Me tatuar é como se fosse recomeçar a vida. A cada tatuagem eu fico 10 anos mais jovem. Se eu fizer mais umas 5 ou 6 acho que volto a ser criança”, resume Marcelo sobre o valor das cores em sua pele.
Ninguém é obrigado a aceitar, ou gostar, mas o respeito é imprescindível. Os desenhos na pele ou os piercings não interferem na inteligência, muito menos no caráter de alguém.
Dicas – O tatuador Sandro Rogério Fernandes – mais conhecido como Roger Tattoo – foi um dos expositores limeirenses, e dá dicas para quem quer fazer a primeira tatuagem.
Para ele, a pessoa tem de se identificar com o desenho. “Às vezes as pessoas fazem muito por modismo. Os estilos mudam até por região, acredita? A capital tem uns estilos diferentes do pessoal do interior. Mas isso é muito de cada um, não tem uma coisa fixa. Hoje a tatuagem oriental está pegando muito, os tribais predominaram por muito tempo, agora deu uma amenizada”, diz o tatuador, que recomenda que a pessoa pense bem antes de fazer o desenho, e se tiver dúvidas, procure um bom tatuador para ajudar na decisão.
É preciso ter a certeza de que o que será tatuado está correto, principalmente quando se tratam de nomes, palavras ou frases. “Uma vez um cara escreveu o nome da filha e quando chegou em casa, ele foi mostrar a homenagem a ela. Ela havia acabado de aprender a ler e disse: Meu nome está escrito errado, é Thalita com t e h, não com t e a”, conta, e diz que teve de fazer uma cobertura com outro desenho.
Roger realiza vários trabalhos de recuperação de tatuagem e diz que é comum aparecerem pessoas com palavras erradas, principalmente com a troca do s pelo z e vice-versa.
Em relação à dor, Roger diz que vai de pessoa para pessoa. Alguns sentem mais, outros menos, e lembra um caso em que a má alimentação junto à ansiedade causou um desmaio. “Um homem forte fez a tatuagem, estava com o braço inchado e queria sair no meio do pessoal. A loja estava cheia de gente e ele não quis colocar a camiseta, e acho que por ter sofrido muito, passado muito mal, caiu a pressão e ele caiu no meio da loja, desmaiou”, diz. O tatuador ressalta a importância de alimentar-se bem e tentar controlar o nervosismo durante as sessões.
Para amenizar a dor, existem pomadas que são aplicadas antes da tatuagem, já que a anestesia é proibida.
Mas antes de tudo, é necessário procurar um estabelecimento que tenha alvará da vigilância sanitária e que esteja em boas condições. “Em primeiro lugar deve ser observada a higienização. No mínimo o estúdio deve possuir uma autoclave (máquina de esterilização de última geração) e materiais descartáveis”, recomenda Roger, pois além de um tatuagem mal feita, o cliente pode adquirir de sobra alguma doença.
oi Jheyyy! Seu blog é muito bom, com um conteúdo raro de se ver por aí. Amei essa matéria, até me senti lá… rs. Eu fiquei sabendo desse evento, mas não pude ir, então foi ótimo saber td por aqui. Tenho uma tatoo do símbolo ohm, mto show (as vezes até esqueço que tenho, porque ela fica nas costas…)
beijao, PARABÉNS!
Nossa!
Muito bom o texto!
Obrigado, Lívia!
Obrigado, Suzana!!