Webjornalismo – Internet e desafios

Ilustração: Geison Paulo

Uma das principais diferenças que podem ser observadas em relação à maneira de transmitir e receber informação é um advindo da tecnologia, que muda totalmente a forma considerada “tradicional” do informar jornalístico, e também do recebimento de tais mensagens por meio do público, a internet.

Criada em 1969 nos Estados Unidos, a internet completou 40 anos no ano de 2009, em meio a inovações e desafios.

A conectividade entre os computadores surgiu com uma iniciativa do ex-presidente norte-americano Dwight Eisenhower, em 1957. Neste ano, inspirado pelo crescimento tecnológico da antiga União Soviética com o lançamento de seu primeiro satélite espacial artificial, o Sputinik, Eisenhower anunciou a criação da Advanced Research Projects Agency – ARPA (Agência de Pesquisas em Projetos Avançados), com o intuito de realizar pesquisas e desenvolver tecnologia para a área militar.

Com a evolução desses estudos provindos de militares, cientistas, universidades e órgãos especializados, surgiria então a Arpanet, precursora da internet, que mais tarde se libertaria de suas origens militares e partiria para o campo acadêmico.

No Brasil, a internet foi aberta em 1995, deixando de ter seu uso exclusivo para as universidades e expandindo-se para vários setores da sociedade, tendo a Web como a parte mais importante e mais utilizada desde então.

Quando falamos na junção desta mídia com o trabalho jornalístico, nos deparamos com diversas questões e desafios. Uma delas é que atualmente não é necessária a presença do jornalista (ou quase não) para que circule informação neste suporte, ele deixa de ser o protagonista. A sociedade global se comunica instantaneamente pelas novas tecnologias.

É possível sabermos de tudo ou quase tudo que é de interesse público, ou do público por meio da rede mundial de comunicações. Diferentemente do antigo trabalho dos gatekeepers (quem determinava o conteúdo a ser publicado), hoje a informação se dá de maneira compartilhada, há uma fragmentação das mídias, uma desintermediação do trabalho jornalístico que nos faz repensar o papel real da imprensa e sua importância para a sociedade.

Qualquer um pode colocar informações na rede virtual, seja por meio de blogs (que também é um diferencial na maneira de absorver informações e pode se tornar uma mídia alternativa), microblogs como o Twitter (recentemente tomando força na internet, sendo utilizado por jornais on-line, como FolhaOnline e BBCBrasil disponibilizando links que dão acesso a notícias), por TV’s, como a TV Cultura, entre outras, que disponibilizam pequenas notas com a programação da mídia, ou sites, jornalísticos ou não.

Agora, se a imprensa perde espaço na mediação da informação no espaço público, o que os comunicadores deveriam fazer para que esta desintermediação causada por estes suportes tecnológicos diminua o desafio do jornalismo?

A principal característica da internet é o imediatismo. Com isso, perde-se muito em relação ao conteúdo. Há que se voltar aos preceitos básicos da profissão em relação à ética, apuração, escrita, confiabilidade, compromisso com a verdade dos fatos por mais que obtenhamos uma versão dos mesmos, etc. Há que se “fidelizar” o público por meio da qualidade do trabalho oferecido, seja na internet, ou em outras mídias para também chamar a atenção de novos espectadores e leitores.

Como já foi afirmado, na era digital a sociedade global deixa de somente receber informações para também “publicá-las”, o que não necessariamente afere qualidade ao produto, e é isso em que o jornalista deve ater-se ao produzir, e isso de maneira geral, com os metamédiuns e seus diversos suportes de linguagem, e outras mídias separadas, como a TV, rádio e conglomerados de mídia em relação à dependência editorial.

Em tempos em que a concorrência televisiva, por exemplo, presenteia a sociedade com um conteúdo baseado na espetacularização, e a tem como técnica para conseguir audiência, há que se pensar e refletir muito sobre a questão de deixar a lógica do espetáculo preponderar sobre a lógica da imprensa.

E qual é ou pelo menos deveria ser esta lógica da imprensa? É mediar a sociedade civil e o Estado, informar, tentar ao máximo coincidir o trabalho jornalístico com o interesse público, e isso sem usar artifícios que possam ferir a ética – base do jornalismo – e sem que se fique preso ao interesse de terceiros.

Contudo, uma das dificuldades encontradas por mídias que agregam a internet ao seu uso, é a comercialização de informação na rede, é o lucro propiciado pelo trabalho jornalístico postado na internet.

José Benedito Pinho em seu livro “Jornalismo na Internet” também aborda esta temática: “Os veículos de comunicação – e inclusive os portais – precisam obter receitas e diminuir prejuízos em algumas de suas áreas de atuação, ‘mas o primeiro reflexo da cobrança pelo conteúdo pode ser a queda de audiência, o que pode melindrar anunciantes e resultar em perda de verba publicitária’ (Melo, 2002:44)”, cita Pinho.

Com isso, o que se pode fazer é utilizar algumas técnicas de mercado para chamar o leitor, como a liberação parcial do conteúdo de determinado webjornal, a liberação total de arquivos novos e antigos mediante assinatura, serviços especiais, entre outros. Mas esta ainda é uma grande dificuldade neste meio, já que a facilidade de obter informação na internet é muito grande, fazendo com que haja esta barreira entre o leitor e a mídia, aumentando a dificuldade de se sustentar este trabalho na internet.

Portanto, o jornalista tem de se adaptar às novas ferramentas da comunicação digital e saber usar a hipertextualidade proporcionada pela internet ao seu favor, prestar atenção na linguagem dos textos, fotos, vídeos, enfim, ater-se às especificidades exigidas pela Web e pelo consumidor deste meio. Tudo juntamente a técnicas de mercado que buscam a estabilidade e o crescimento do jornalismo na rede virtual.

Sobre geisonpaulo

Geison é ator e jornalista. Formou-se em dezembro de 2009 no curso de Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep). Em 2009 ganhou o 21º Prêmio Losso Netto de Jornalismo com o Documentário: “CQC – Que Programa é Esse?”. Em 2008 estudou um semestre na Universidad Madero, em Puebla, Pue. no México. Estuda atualmente na escola de atores Wolf Maya. Jovem amante da música e poesia, que busca com o jornalismo sanar suas curiosidades, informar as pessoas, buscar respostas e questionar, sempre.
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Uma resposta para Webjornalismo – Internet e desafios

  1. Lívia disse:

    Aqui tem bastante conteúdo,ein?! =)

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